Quase 65 presos fugiram das delegacias de Ivaiporã, Ibiporã, Peabiru e Goioerê, que comportam até quatro vezes mais internos que a capacidade. Doze foram recapturados. Em Maringá, presos tentaram escapar do CDP, que teve duas fugas no dia 31
O ano começou com uma onda de fugas nas delegacias do interior do Paraná. Entre sexta-feira (1º) e sábado (2), 64 presos escaparam das cadeias de Ivaiporã, Ibiporã, Peabiru e Goierê, cidades localizadas entre o Centro-Oeste e o Norte do estado. Em todos os casos, as delegacias estavam superlotadas. Até a tarde deste sábado (2), 12 fugitivos foram recapturados.
A maior ação aconteceu em Ivaiporã (140 km de Maringá), onde, logo após a virada de ano, 27 detentos abriram um buraco na parede da cadeia e escaparam. No pátio, eles escalaram um muro que dá acesso à rua. Apenas um policial estava de plantão. A cadeia tem capacidade para 34 detentos, mas abrigava 144 ? quatro vezes acima da capacidade. Dois internos foram recapturados.
Em Ibiporã (14 km de Londrina), 18 presos no fim da manhã deste sábado (2). A prisão também tinha apenas um investigador de plantão, que foi dominado quando estava servindo o almoço. Houve luta entre os presos e o policial, que sofreu ferimentos leves na mão. Cinco dos fugitivos foram detidos. Toda a ação da fuga foi flagrada pelas câmeras de segurança da delegacia, que tem capacidade para 24 pessoas e abrigava, no momento, 71 presos.
Na madrugada deste sábado (2), cinco presos fugiram da cadeia de Peabiru (75 km de Maringá), que, com estrutura para 16 detentos, abrigava 29. Os fugitivos quebraram cadeados e chegaram até o solário, onde cortaram uma tela de proteção e escaparam. Dois foram recuperados.
A outra fuga aconteceu na cadeia de Goioerê (70 km de Umuarama). Por volta das 5h, 14 presos escaparam da delegacia, três dos quais foram recapturados no início da tarde. A carceragem foi construída para 32 presos, mas abrigava 91.
Na tarde deste sábado (2) houve ainda uma tentativa de fuga na cadeia de São Carlos do Ivaí (70 km de Maringá). Os policiais flagraram um grupo de presos tentando furar uma parede do solário, no momento em que tomavam banho de sol. Eles usavam uma broca e já tinham preparado a corda de lençois (conhecida como teresa) que usariam na fuga. A cadeia da cidade tem capacidade para receber 20 pessoas e neste momento abriga 12.
Outro lado
Em nota enviada à reportagem, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) diz que o problema da superlotação em delegacias do estado é crônico e tem origem em gestões anteriores. Esclarece ainda que a questão vem sendo tratada como prioridade e que, desde 2003, 12 penitenciárias foram inauguradas e outras seis foram ampliadas, aumentando o número de vagas de 6.529 para 14.568.
A Sesp informa também que foram construídas celas modulares em Piraquara, Londrina, Palmas, Loanda, Colorado e Cornélio Procópio, tirando mais de 1300 presos de delegacias. O Governo do Paraná ainda tem projetos de outras cinco penitenciárias, que podem ser concluídas até 2010 e irão abrir cerca de 2,5 mil novas vagas.
Tentativa de fuga em Maringá
Inspirados em uma fuga bem-sucedida que aconteceu na quinta-feira (31), dois presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Maringá tentaram escapar na madrugada deste sábado (2). Eles usaram a mesma estratégia dos internos que conseguiram fugir: quebrar o vaso sanitário para cavar um túnel com acesso ao jardim da unidade. A nova ação, contudo, foi notada pelos agentes penitenciários, que impediram a fuga.
O flagrante aconteceu por volta das 4h, quando os presos já estavam cavando o túnel. O vice-coordenador do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), André Kendrick, reconheceu que a nova tentativa foi inspirada na fuga de quinta (31). ‘Neste período mais festivo do ano, os ânimos dos presos ficam exaltados e é mais comum a ocorrência de fugas’.
Policiais militares foram chamados no começo da manhã para ajudar a revistar as celas. As áreas que representavam risco de novas fugas foram isoladas e o policiamento na cadeia, reforçado. As visitas que estavam marcadas para este sábado (2), porém, foram mantidas.
A ação de quinta (31) também aconteceu durante a madrugada. Dois presos retiraram o vaso sanitário da cela e cavaram um buraco, pelo qual tiveram acesso ao jardim da prisão. Em seguida, com o auxílio de uma corda artesanal, chamada de teresa, eles pularam o muro da unidade e chegaram à rua. Os carcereiros só sentiram falta dos internos por volta das 5h30, após realizaram a contagem dos presos. Os fugitivos permanecem foragidos. O CDP tem capacidade para receber 912 internos e hoje comporta cerca de 900.
Fonte: Portal RPC
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