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ARTIGO: Desmilitarizar o PT

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Amauri Meireles

 

Realizou-se no mês de junho, em Salvador-BA, o 5º Congresso Nacional do PT. Visando a subsidiar os debates, no início do ano foi distribuído um caderno de teses (sete) produzidas por diferentes correntes do partido. Chama a atenção, em uma delas, “Um partido para tempos de guerra”, “o PT defenderá a seguinte plataforma democrática e popular” (sic), integrada por 10 (dez) itens, sendo um deles “e) Reformas estruturais, com destaque para a… desmilitarização das Polícias Militares”. Em textos produzidos pelo PT, até hoje, não ficou claro o que ele quer dizer com “desmilitarização”. Provável e minimamente por quatro motivos: ignorância de alguns, pois não sabem exatamente o que é ser militar. Confundem atividade militar (bélica, guerreira), própria das forças federais encarregadas da defesa da Pátria, com caráter militar (característica, estética) das forças estaduais encarregadas da defesa da sociedade; oportunismo de outros, pois, conhecendo cristalinamente a missão, a estrutura e a organização dessas duas forças, fomentam a desinformação popular sobre esse aspecto, demonizando-o, visando a depreciar, a desvalorizar a força estadual, abrindo espaço para criação da polícia do partido; por desilusão de outra corrente, que, salvo raras exceções, não tendo cacife para opor-se a esse errôneo posicionamento (e a outros mais), opta por deixar o partido; o quarto motivo é a frustração de certos indivíduos que queriam ser militares, defensores da lei e da ordem, e não conseguiram sê-lo, ou de poucos que, embora tenham entrado em instituições militares, frustraram-se em descobrir que tinham o perfil fraco, insuficiente, inadequado, incompatível ao exigido do verdadeiro militar e, para esconder essa incapacidade, denigrem o modelo. Não sendo militar, passa a ser militante, vocacional ou profissional. Um, idealista, às vezes utópico; outro, embusteiro, que leva inocentes úteis a se transformarem em meliantes, desobedecendo, desrespeitando a lei e a ordem, origem da frustração daqueles.

Na verdade, quem precisa desmilitarizar-se é o PT, livrando-se dessa postura belicista, tida como importante para o sucesso do bolivariano projeto de poder, voltando-se para políticas públicas da área social, aonde vinha conseguindo relativos êxitos. Lendo-se a primeira tese, encontram-se as palavras “guerra” (umas vinte vezes), “inimigo, ataque, defesa, estratégia, tática, aniquilar, luta, forças, mobilização, engajamento” e muitas outras, típicas do jargão militar. O próprio presidente do partido disse que “o PT está sob forte ataque… a ofensiva contra a legenda é uma campanha de cerco e aniquilamento”. Ao ser invocado o “exército do MST”, cujo chefe foi citado como “general”, assistimos a uma clara manifestação e a um forte estímulo ao caudilhismo tupiniquim. E querem desmilitarizar as PMs…

 

A Carta de Salvador, sintetizando o congresso, admite erros cometidos pelo partido, faz um mea-culpa da mesmice e apresenta dezenove resoluções, contendo, pressupostamente, propostas de interesse da Pátria e da sociedade brasileiras. Não vale argumentar “jogando prá galera”, nem apelar para o manjadíssimo “articulações golpistas, especialmente as vindas de militares da ativa ou da reserva”, mas na 17ª, Segurança Pública, prevalecem erros e mesmice. Começando pelo título!… 

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