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Cadeia Pública de Natal tem a maior fuga do sistema

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O Sistema Penitenciário do Rio Grande do Norte voltou a escancarar suas fragilidades na madrugada de ontem (12), com a maior fuga do sistema.Na madrugada,  46 apenados saíram do Pavilhão ‘B’ da Cadeia Pública de Natal Professor Raimundo Nonato, no conjunto Santarém, na Zona Norte de Natal, para as ruas. Até o final da tarde de ontem, sete dos presos fugitivos tinham sido recapturados.

 

Segundo a diretora da unidade, Dinorá Simas, todos os presos cumpriam pena em regime fechado e estão enquadrados no artigo 157 (roubo). Por volta das 2h, os apenados usaram um túnel que começava no refeitório do Pavilhão ‘B’ da Raimundo Nonato e terminava no muro do Complexo Penal João Chaves, vizinho à Cadeia Pública. De lá, os detentos ganharam às ruas e se dispersaram. Moradoras da região relataram que durante a madrugada era possível ver uma grande quantidade de homens correndo pelas avenidas. Carros e motos os aguardavam.

 

O túnel escavado tem aproximadamente 50 metros de extensão, com a saída localizada em frente a uma guarita desativada da Raimundo Nonato. Os detentos saíram em frente ao prédio do semiaberto que cumprem pena no Complexo Penal Doutor João Chaves, ao lado. Ao sair do túnel, os presos ainda percorreram poucos  metros nas instalações da João Chaves, passaram por trás de da unidade da Companhia de Policiamento de Guardas, danificaram um muro com cerca de serpentina e correram diretamente para avenida Itapetinga, uma das principais da Zona Norte.

 

Durante a fuga, um dos seis agentes de serviço viu a movimentação.  Poucas horas após o acontecimento, sete presos foram recapturados. De acordo com Dinorá Simas, os apenados estavam no Conjunto Soledade, no bairro Potengi. Agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE)  do Grupo Penitenciário de Operações com Cães (GPOC) da Secretaria de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte (Sejuc/RN), foram acionados para fazer revista nos pavilhões.

 

Motim

 

De acordo com o comandante do GOE, Leonardo Alves, os presos do Pavilhão ‘A’ resistiram à entrada do grupo especial, jogando água quente e pedras, mas o princípio de motim foi rapidamente contido. “Os presos do Pavilhão ‘B’ foram isolados para que fosse colocado concreto no buraco”, explicou.

 

“Existem vilas subterrâneas”. Assim é descrito o  presídio Raimundo Nonato pela diretora da unidade por Dinorá Simas. A gestora explicou que no subsolo existem várias ramificações de túneis que coexistem com realidade acima, onde está localizada a unidade. Prova disso, é o histórico de buracos encontrados no lugar.  “Abrindo em qualquer lugar os presos conseguem ter acesso a esses túneis”, disse Dinorá.

 

Em junho do ano passado, como publicou a TRIBUNA DO NORTE, foi encontrada uma escavação também no refeitório do Pavilhão ‘B’. Os presos usaram a Cela 14 como depósito da areia extraída do subsolo. No lugar, havia sido estocada areia do túnel descoberto no início de junho de 2015, pelo qual fugiram quatro presos.

 

Atualmente, o número de presos da Cadeia Pública da Zona Norte é o dobro da capacidade carcerária. No momento da fuga, de acordo com a diretora Dinorá Simas, haviam 180 detentos no pavilhão. Das quatro guaritas que circundam o complexo, somente duas estão ativas. As outras duas, na parte de trás da unidade, estão desativadas. Uma delas foi destruída durante as rebeliões de  2015 e a outra não está em uso porque faltam grades e os policiais temem sofrer algum atendado, por parte dos presos soltos nas celas e na quadra da unidade.

 

O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Rio Grande do Norte (Sindasp) emitiu nota comentando a fuga. Segundo a presidente do Sindasp, Vilma Batista, a falta de condições de trabalho para os agentes contribuiu para o episódio. Atualmente, 12 agentes fazem a custódia de 430 detentos na unidade prisional.

 

“Infelizmente, fugas como essa representam o mais puro retrato do abandono dos gestores públicos para com o sistema prisional. Os presídios são os tapetes para onde se empurram o lixo para debaixo. Os agentes penitenciários trabalham sem as condições mínimas de estrutura e equipamentos, seja para proteção individual ou proteção da própria unidade”, disse Vilma Batista.

 

Relação de presos

36 detentos continuavam foragidos até às 22h de ontem

 

Histórico de fugas

2015

04 de Janeiro

10 homens fogem do Centro de Detenção Provisória de Patu –

 

09 de Março

02 presos fogem da Penitenciária Dr. Mario Negócio – Mossoró

 

10 de Março

7 detentos fogem do Complexo Penal Dr. João Chaves- Natal

 

06 de Abril

32 homens fogem da Penitenciária Estadual de Alcaçuz – Nísia Floresta

 

22 de Abril

35 homens fogem  da Penitenciária Estadual de Alcaçuz – Nísia Floresta

 

13 de Maio

2 presas fogem da Penitenciária Dr. Mario Negócio – Mossoró

 

1º de junho

5 homens fogem do Centro de Detenção Provisória de Pirangi – Natal

 

23 de Agosto

06 homens fogem do Rogério Coutinho Madruga – Nísia Floresta

 

08 de Setembro

04 presos fogem da Cadeia Pública de Mossoró

 

05 de Novembro

04 presos fogem do Complexo Penal Doutor João Chaves – Natal

 

26 de Novembro

06 homens fogem da Penitenciária Estadual de Alcaçuz – Nísia Floresta

 

21 de Dezembro

06 presos  fogem  da Cadeia Pública de Natal

 

2016

01 de Janeiro

16 homens fogem da   Penitenciária Agrícola Dr. Mário Negócio – Mossoró

 

12 de Janeiro

46 homens fogem da Cadeia Pública de Natal

 

Sejuc planeja ampliar as inspeções

 

Para inviabilizar a fuga de mais presos do Sistema Penitenciário, o titular da Sejuc, Cristiano Feitosa, afirmou que determinou a ampliação do número de inspeções nos pavilhões dos presídios potiguares. Ele explicou que, atualmente, é feita uma por semana, e que a partir de hoje, serão feitas pelo menos mais duas. “O GOE vai fazer mais buscas nas cadeias, para evitar que episódios como os de hoje aconteçam”, afirmou Feitosa.

 

Sobre a Cadeia Pública de Natal,  o titular da Sejuc explicou que determinou a reativação das guaritas que estavam desativadas. Uma delas não está funcionando por causa da falta de segurança. “Mandei comprar imediatamente material de proteção para que a guarita volte a funcionar. Eu fiquei sabendo hoje dessa situação. Não adianta mandar colocar grades nas celas, os presos destroem”, explicou.

 

Outra solução apontada pelo secretário é uma Parceria Público-Privada (PPP) para reforma ou construção, operacionalização e manutenção de unidades prisionais no Rio Grande do Norte. O titular da Sejuc disse que duas empresas, uma do Ceará e outra da Bahia apresentaram propostas à Sejuc, mas, elas vão concorrer em licitação, aberta na última sexta-feira (8). “Aproximadamente em seis meses todo o processo deve ser concluído”, disse Feitosa.

 

Fonte: Tribuna do Norte

 

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