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Gaeco investiga suposto esquema de corrupção no CDP de Sorocaba

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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) investiga um suposto esquema de irregularidades para beneficiar presos no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba (SP). De acordo com denúncias feitas à polícia, a direção do presídio estaria recebendo propina para facilitar a transferência de presos, a entrada de familiares e drogas na instituição.

 

Em entrevista ao G1, Cláudio Bonadia, promotor do Gaeco, informou que a investigação corre sob segredo de Justiça. “Quatro pessoas, que estariam ligadas ao esquema fraudulento já foram ouvidas. Aguardamos documentos emitidos pela Justiça para dar continuidade nas investigações“, diz. Bonadio explicou ainda que as investigações começaram em 2013 e que existe a possibilidade da prática de crime organizado no CDP. Novos suspeitos devem ser ouvidos nos próximos dias.

 

Bonadia disse que os promotores do Gaeco devem se reunir nesta sexta-feira (4) com a corregedoria da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que está apurando as denúncias.

 

Alexandre Ogusuku, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sede Sorocaba, informa que devido às denúncias de corrupção no presídio sorocabano, a OAB instaurou procedimento para apurar eventuais atos ilícitos, cuja pena mais severa é a exclusão dos quadros da ordem, se comprovado os fatos. “Dois advogados poderiam estar envolvidos. Vamos investigar e caso seja comprovado eles poderão ser excluídos da OAB e perderem o direito de advogar”, explica.

 

Outro lado

 

Claudinei Machado, advogado do diretor do CDP de Sorocaba, Márcio Coutinho, afirmou que as denúncias não têm fundamento. “Nós vamos ajudar com o que o Gaeco precisar. Assim que eles pedirem documentos ou afins vamos encaminhar para ajudar a concluir o caso”, afirma Claudinei Machado.

 

Ainda de acordo com o advogado, as investigações foram feitas por funcionários do CDP. “Sabemos que os próprios funcionários que fizeram esse tipo de denúncia, que foram anônimas, mas esta não é a primeira vez. Alguns deles já até respondem por desvios de conduta”, conclui.

 

Fonte: G1

 

Agente e ex-detento confirmam o esquema

 

“Nesta cela tem geladeira, televisão, ventilador e já foi feito até churrasco. Tem preso que vendeu um Honda Civic por R$ 28 mil e deu R$ 7 mil para o diretor para morar nesta cela.” O depoimento é de um agente penitenciário, ouvido pelo jornal Cruzeiro do Sul e uma das testemunhas do caso que é investigado pelo Gaeco. Ele pediu para não ser identificado, assim também como um ex-detento ouvido pela reportagem.

 

De acordo com o agente penitenciário, estas celas pertencem ao Centro Progressivo Intermediário (CPI) e deveriam ser ocupadas apenas por detentos que obtiveram benefício, como semiaberto ou ainda trabalham na limpeza ou manutenção do CDP. Só que de acordo com ele, não é isso o que acontecendo na verdade e estas celas estariam sendo ocupadas por traficantes e assassinos. “Os presos com melhor poder aquisitivo compram essa vaga. Eles não querem ficar dentro do pavilhão normal.”

 

Um ex-detento também denunciou o diretor da unidade Márcio Coutinho ao dizer que as celas do Carpie Diem, programa que já foi premiado, também entrariam no suposto esquema de propina. De acordo com ele, as celas da unidade teriam que ser ocupadas por presos que cometeram crimes de menor potencial ofensivo e também não são. “Ele usa para pessoas de melhor condições financeiras para pegar dinheiro. Se você for hoje lá, tem assaltante e traficante.”

 

O ex-detento disse que trabalhou na faxina e manutenção do CDP, no período em que esteve na unidade, de 2007 a 2009. Ele explicou ainda que era de confiança do diretor Coutinho e afirmou que já teria feito, por inúmeras vezes, o primeiro contato entre a direção e os presos. Na maioria dos casos era apenas para indicar o caminho que o preso teria que fazer para obter uma cela melhor. Ele afirmou que nunca viu o dinheiro, porque nessas horas entravam em ação os advogados.

 

O ex-preso afirmou que a direção ainda tinha métodos para pressionar os detentos, como mandá-los para uma ala de outra facção criminosa e também à masmorra – local das medidas disciplinares, em que não há iluminação, ventilação e possui ratos, ratazanas e baratas.

 

O ex-detento, que hoje estuda direito, disse que teve outras passagens no CDP, todas por estelionato.

 

No momento da reportagem, o ex-detento afirmou que foi chamado para prestar depoimento ao promotor Cláudio Bonadia hoje no Gaeco. Ele declarou ainda que recebeu uma mensagem no celular ontem, de um funcionário do CDP, que participaria do esquema, em que se sentiu ameaçado. “Vou levar isso para o promotor.” (W.G.J.)

 

Fonte: Cruzeiro do Sul

 

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