Ministério Público quer afastar dirigentes de presídio onde detentos recebiam regalias
O Ministério Público (MP) confirmou a concessão de regalias a detentos do Presídio Regional de Concórdia, Meio-Oeste, e pediu o afastamento dos dirigentes da unidade na tarde desta quarta-feira.
O diretor da unidade prisional, Anilton Mendes Lopes, e o chefe de segurança, Amauri Farrapo Fortes, são acusados de improbidade administrativa. Segundo a ação civil pública, os dois aceitavam e favoreciam as regalias dos presos. Muitos mantinham celulares e aparelhos eletrônicos nas celas, negociavam talões de cheque dentro do presídio e chegaram a encomendar pizzas por tele-entrega.
Conforme um dos promotores do caso, Daniel Taylor, as irregularidades começaram a ser investigadas em setembro. De lá para cá, as práticas ilícitas dentro do presídio se tornaram frequentes. Em novembro, um apenado foi levado a Lages por um agente penitenciário, na Serra Catarinense, sem a escolta apropriada. A pedido do MP, a viagem foi monitorada por policiais militares, mas agente penitenciário conseguiu despistá-los.
No final do ano passado, um pente fino resultou na apreensão de computadores, celulares e outros aparelhos eletrônicos. A operação constatou que o mesmo preso que havia sido levado a Lages tinha um quarto próprio, com televisor, aparelho de DVD, celular e computador com conexão a internet. Documentos oficiais da administração também foram encontrados nas celas dos presos.
O promotor quer apurar por que o detento estava com regalias não estendidas aos demais e até com acesso a meios de comunicação externa, não permitidas por lei.
? No mínimo houve omissão ? disse Taylor.
Nos últimos dias, o MP recebeu uma denúncia de que entregas de pizzas teriam sido feitas aos detentos em regime fechado e que um preso havia sido designado para monitorar a portaria.
? Alguns presos de alta periculosidade, que cometeram chacinas na região e têm quase 50 anos de pena para cumprir comem pizza no presídio. Se alguém for à unidade prisional entre às 12h e às 14h ou entre às 17h e 20h, não vai haver um funcionário do Estado cuidando da portaria porque um preso monitora o serviço ? afirmou.
O ajuizamento da ação não se limita ao afastamento da função no presídio, pede ainda que Lopes e Fortes que paguem multas e que não exerçam cargos públicos. Segundo Taylor, o processo deve resultar em ações penais ou criminais contra os responsáveis pelas regalias. Eles não foram localizados para entrevista.
Fonte: Diário Catarinense
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