Familiares de detentos do CDP (Centro de Detenção Provisória) denunciaram que agentes penitenciários estariam confiscando roupas e produtos de higiene pessoal — o chamado “jumbo” — dos presos e jogando no lixo. Denunciantes fizeram fotos que mostram vários sacos com roupas, toalhas de banho, entre outros objetos, lotando pelo menos duas caçambas de lixo da unidade. As lixeiras teriam sido fotografadas no dia 7. A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) rechaçou as denúncias e alegou que os detentos estariam usando materiais enviados pelos parentes para elaborar uma tentativa de fuga.
Na semana passada, o Jornal de Piracicaba recebeu pelo menos 38 ligações que denunciavam a situação vivida pelos detentos e seus familiares. Os parentes estão indignados e cobram uma explicação da diretoria do CDP. A mãe de um preso, uma doméstica de 37 anos, procurou a reportagem e afirmou que o fato voltou a se repetir entre segunda e terça-feira. A mulher não se identificou porque teme que o filho sofra represálias dentro da unidade.
Segundo a doméstica, funcionários da unidade teriam entrado nas celas, retirado vários pertences e jogado fora. “Perguntamos porque isso tinha sido feito, mas a diretoria apenas nos disse que foi jogado o que estava fora do padrão. Só que gastamos o nosso dinheiro suado para comprar roupas e produtos de higiene aos nossos parentes”, afirmou.
“A gente luta aqui fora para conseguir comprar mantimentos, que custam dinheiro, e eles simplesmente jogam fora?”, questionou a mulher. “Temos parentes lá dentro, que estão pagando pelo que fizeram, e não é isso que estamos questionando. A explicação que queremos é sobre a injustiça com as famílias”, lamentou.
A reportagem do JP tentou falar com a diretoria do CDP, mas uma funcionária da unidade informou que somente a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) daria uma resposta sobre a denúncia.
OUTRO LADO — A Pasta informou ontem que as denúncias não procedem. Conforme nota, no dia 6, os funcionários do CDP realizaram revista em todas as dependências da unidade prisional e só foram retirados dos pavilhões objetos que não são de uso pessoal, como garrafas pets, garrafas de águas vazias, pedaços de colchões que os detentos usam como pufes, entre outros.
“Durante a revista foram encontradas, em confecção, perucas artesanais feitas pelos detentos retirando alças das sacolas, que nos leva a crer que havia planos em andamento de uma tentativa de fuga. Por este motivo, a direção do CDP está orientando as visitas a substituir as sacolas com alças de náilon por outras sacolas”, informou.
Fonte: Jornal de Piracicaba