Telejornal da TV Globo acusa agentes penitenciários de conivência para entrada de celulares nos presídios

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“Só pode haver o uso de celular com uma certa conivência com os agentes penitenciários”, disse jornalista Chico Pinheiro no Bom Dia Brasil

 

A edição do telejornal Bom Dia Brasil, da TV Globo, da última terça-feira (13), acusou a categoria dos agentes de segurança penitenciária de ser conivente com a entrada de celulares nas unidades prisionais do Estado.

 

A acusação foi feita pelo jornalista e apresentador do telejornal, Chico Pinheiro, que ressaltou: “Só pode haver o uso de celular com uma certa conivência com os agentes penitenciários”, disse jornalista.

 

O comentarista de Segurança da TV Globo, Diógenes Lucca, também acusou os agentes penitenciários de serem os responsáveis pela entrada de celulares nos presídios. “Isso é um grande problema, recorrente. É uma questão de boa vontade. Tem tecnologia para investir. Não tenha dúvida que há conivência com os agentes penitenciários”, disse Lucca.

 

 

O presidente do Sindasp-SP (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo), Daniel Grandolfo, disse que a categoria está revoltada com as declarações do jornalista e do comentarista da TV Globo. “Os agentes de segurança penitenciária repudiam essas declarações e os autores serão interpelados judicialmente”, disse Grandolfo.

 

O Departamento Jurídico do Sindasp-SP, coordenado pelo advogado Jelimar Salvador, já estuda uma ação contra os autores das declarações e afirma que os mesmos deverão provar as acusações na Justiça e o telejornal deverá conceder direito de resposta ao Sindasp-SP.

 

A atividade de um agente penitenciário não é uma tarefa simples. Todos os dias coloca sua vida em risco, vivendo situações reais jamais experimentadas por qualquer outro trabalhador. Enquanto a população assiste a onda de violência pela imprensa, os agentes penitenciários são expostos diariamente aos criminosos ao abrirem e fecharem as celas nos raios das unidades prisionais. E isso, nem o jornalista e nem o comentarista disseram, possivelmente, por ignorância ao funcionamento real do sistema penitenciário.

 

Também não disseram que ninguém está tão exposto ao perigo quanto os valentes trabalhadores penitenciários, nem mencionaram a superlotação nas unidades prisionais que abrigam 190 mil presos e que há apenas 28 mil agentes penitenciários, o que faz com que cada servidor seja responsável por sete detentos.

 

O jornalista Chico Pinheiro e o comentarista Diógenes Lucca deveriam ter conhecimento desses dados para abordarem o assunto com mais propriedade, e não apenas levantarem acusações contra trabalhadores que saem de casa para exercerem dignamente suas funções, mas que não têm a certeza de que retornarão vivos para suas casas.

 

Os dois também não disseram que os agentes penitenciários, apesar do risco a que se expõem, não podem usar armas no exercício das funções. Também não fizeram qualquer comentário relatando as incontáveis agressões e execuções sofridas pelos servidores ao longo da história da categoria. Não disseram nada sobre os diversos casos de sequelas psicológicas que marcam a vida de muitos agentes por terem sido feitos reféns durante rebeliões.

 

Pinheiro e Lucca desconhecem as condições de trabalho da categoria e as lutas sindicais por salários mais dignos. Provavelmente, nem sabem que a profissão do agente de segurança penitenciária nem mesmo é reconhecida constitucionalmente, e mesmo assim, ousaram afirmar que há conivência dos agentes penitenciários no uso de celulares dentro das unidades prisionais.

 

Vale lembrar que, tanto o jornalista quanto o comentarista, parecem desconhecer que dezenas de celulares são apreendidos pelos agentes penitenciários em revistas realizadas no horário de visitas nas unidades e também durante as blitz nas celas. Inclusive, o ideal seria que todas as unidades prisionais do Estado tivessem scanners corporais que pudessem inibir qualquer possibilidade de entrada de celular. “Na Penitenciária II de Presidente Venceslau há um scanner corporal, mas não sabemos até hoje o motivo pelo qual ainda não é utilizado”, disse o presidente Grandolfo.

 

O Sindasp-SP e a categoria dos agentes de segurança penitenciária do Estado de Paulo repudiam os infelizes comentários de Pinheiro e Lucca. “Pode até ser que haja casos isolados da entrada celulares nos presídios que envolvam agentes, mas profissionais corruptos existem em todos os lugares e defendemos que sejam punidos pela lei. Tanto bons quanto maus profissionais estão em todas as profissões, mas isso não significa que toda uma categoria é corrupta”, destacou o presidente do Sindasp-SP.

 

Por fim, vale lembrar que os profissionais penitenciários atuam dentro das unidades com coragem e colocando a própria vida em risco para preservarem a ordem e garantirem a segurança da sociedade. E isso, ao que tudo indica, Chico Pinheiro e Diógenes Lucca desconhecem totalmente. 

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