Investigada no ‘escândalo das quentinhas’ em SP, faturou R$ 18,5 milhões em MS

0
330

 

Flagrada distribuindo marmitas com pregos e até larvas, além de alvo de diversas auditorias e investigações no Ministério Público, a Real Food Alimentação Ltda faturou R$ 18,5 milhões do Governo do Estado, entre janeiro e dezembro de 2015. Segundo o Portal da Transparência, a empresa possui dois registros, sendo que recebeu R$ 18.449.715,55 em um deles e R$ 86.878,44 em outro.

 

Em Mato Grosso do Sul, a empresa é investigada pela péssima qualidade do serviço e possíveis irregularidades nos contratos firmados com a Prefeitura de Campo Grande. Depois de diversas reclamações dos servidores da saúde, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) cedeu e pediu a rescisão do contrato em julho do ano passado, ainda durante a administração de Gilmar Olarte (PP por liminar).

 

Mesmo assim, a Agepen (Agência Estadual e Administração do Sistema Penitenciário) continua concedendo diversos contratos milionários para empresa, sendo o último deles publicado no Diário Oficial do Estado de 13 de janeiro. A Real Food foi contemplada em certame para realizar o ‘preparo e fornecimento de alimentação para presos’, compreendendo café-da-manhã, almoço e jantar.

 

Conforme a Central de Compras do Estado, o contato é de R$ 1.042.541,28, o equivalente a R$ 11,88 por unidade/serviço. Não há informações detalhadas sobre as unidades atendidas, mas o acordo tem validade de doze meses e possui o mesmo valor de contrato realizado em novembro.

 

Somente em agosto, a Real Food já acumulava R$ 15,2 milhões em contratos com o governo estadual para atender o Estabelecimento Penal de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho, o Centro Penal Agroindustrial Gameleira e o Presídio de Trânsito e Centro de Triagem, em Campo Grande, além de presídios em São Gabriel do Oeste, Naviraí e Jardim.

 

 

 

Outras irregularidades

 

Segundo o site oficial da empresa, ela possui contratos também com os governos dos estados de Goiás, com as universidades federais do ABC e de Goiás, das prefeituras dos municípios de Santa Bárbara d’Oeste (SP) e Mauá (RJ); e outras empresas, como Semalo e Divino Sapore, de Campo Grande. Além da Capital e da cidade do Rio de Janeiro, a empresa tem filial no estado de Goiás, em Goiânia, e atua nos presídios de São Paulo.

 

O TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado) identificou ainda diversas irregularidades nos contratos, como o pagamento de notas fiscais incompatíveis com o total de internos das unidades investigadas, sobrepreço dos alimentos, além da má qualidade das refeições. Na Penitenciária da Vila Independência, a Corte Fiscal encontrou pregos e restos de frango misturados às marmitas fornecidas pela Real Food.

 

No Estado paulista, o esquema de corrupção ficou conhecido como ‘máfia da merenda’ e culminou na exoneração do diretor de Itapecaria da Serra, Claudinei Teixeira de Souza, nomeado na gestão de Geraldo Alckimin (PSDB). Além disso, segundo a Folha, Hugo Berni Neto, deixou a coordenação das unidades prisionais.

 

 

Quando o caso veio à tona, a Real Food justificou à Folha de São Paulo que desconhece as denúncias de marmitas com restos de frango e pregos. De acordo ela, a empresa segue padrões de qualidade, mas só pode se responsabilizar pelos alimentos até a entrega e conferência da unidade.

 

No Rio de Janeiro, ela também é investigada por participação em fraude milionária juntamente com mais 11 entidades privadas. Segundo a imprensa local, as investigações começaram após denúncia de uma mulher de 75 anos que, por meio de uma falsa oração religiosa em um jornal carioca, revelou o resultado de uma licitação com cinco dias de antecedência para a divulgação oficial do nome das empresas vencedoras. A licitação, que foi dividida em lotes, foi revelada a cada frase da oração cifrada.

 

O Ministério Público do Rio de Janeiro identificou o jogo de palavras e concluiu que as informações batiam com o resultado do certame, que beneficiou as mesmas empresas contratadas em 2009 para fornecer alimentos aos detentos do Estado. MP, a Delegacia Fazendária e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica estão conduzindo a investigação e, se comprovadas as fraudes, cabe multa às empresas, anulação da sociedade e penalidade dos donos de cada uma em até seis anos de detenção.

 

Fonte: Jornal I9

 

DEIXE UM COMENTÁRIO

Digite seu comentário!
Informe seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.